domingo, 20 de janeiro de 2013

Suicidio de emoções.






Naquela manhã nada estava igual por ali, lembro-me de ter pego algumas frutas e levado um livro velho para reler, eu sempre gostei de me sentar perto de arvores e esperar as pessoas passarem atarefadas, descompensadas, enlouquecidas ou simplesmente passarem, aquilo me deixava certa de ainda estarmos vivendo a vida cada qual a sua maneira e de que quando voltasse para casa nada estaria sem graça.
E então em meio a páginas e capítulos terminados, maças comidas e o sol mudando de posição ela apareceu. Uma menina que corria enfurecida, ela devia ser uns 4 anos mais nova do que eu e carregava consigo uma enorme caixa cor de rosa e um rosto avermelhado.
Juro, eu não faço o tipo curiosa bisbilhoteira, mas aqueles olhos me eram familiares, aquele desespero sendo controlado por ações repentinas, e ao mesmo tempo planejadas já haviam passado por mim antes.
Fiquei em silencio, paralisada sem tentar imaginar o que viria a seguir. Ela com seus olhos inchados sentou-se um pouco a frente de mim e por alguns minutos leu cartas, rasgou papeis, reuniu forças e colocou todos os objetos, alguns impossíveis de identificar pela distancia, novamente na caixa e andou até a lata de lixo mais próxima para joga-los lá dentro como se estivesse se desfazendo do mais alto nível de sujeira.
Depois em um enorme impulso correu para dentro do lago (que como estávamos em julho deveria estar gelado), sua pele branca foi avermelhando cada vez mais e devagar conforme andava a agua aumentava em seu corpo, fiquei com medo do que mais ela poderia fazer e resolvi espirrar para ela perceber que não estava sozinha, de nada adiantou, pois ela nem sequer olhou para traz.
Voltei a ler meu livro inquieta quando depois de um tempo vi o vulto da garota saindo da agua calmamente e andando em direção à saída. Após alguns minutos com o sol se pondo resolvi ir embora passei perto do lado para caminhar como de costume e encontrei pedaços de fotos rasgados por onde ela havia passado. A garota da foto não parecia nada com a que chegou, mas era exatamente igual a que saiu.
Não sei se ela havia brigado com uma amiga, terminado com o namorado, se desiludido ou perdido alguém, como disse antes não faço o tipo bisbilhoteira, mas chegando a minha casa percebi que já tinha visto alguém como ela em mim. Ela não era nenhuma louca ou bipolar como muitos podem pensar, mas aquela menina estava apenas tentando suicidar a pessoa que não queria ser, afogar seus sentimentos para se livrar de algo que não a fazia bem.
Conto isso a vocês para que não se sintam sozinhos com seus sentimentos insanos, todos temos, todos somos assim, de maneiras diferentes em momentos diferentes. Mas sabe o importante é cortar uma erva daninha a cada dia, levantar, respirar e perceber que hora de dar mais um passo sorrindo.


PS: gosto de ficar imaginando histórias de fotos que julgo serem bonitas, resolvi que irei dividir mais essas histórias com vocês, às vezes é realmente bom saber que todos sentimos coisas iguais mesmo que de nossa própria maneira. Quando tiverem coisas que querem falar ou divulgar, mande para mim pelo e-mail ou pela fan page faz bem falar de vez em quando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário